Poeira em Ambiente de Trabalho Pode Gerar Doenças Respiratórias
Nos ambientes de trabalho em que há muita poeira, os riscos de os trabalhadores contraírem doenças ligadas ao aparelho respiratório são muito grandes. Algumas atividades da indústria de construção, por exemplo, podem acabar gerando uma doença chamada silicose, que é causada pela inalação de partículas de dióxido de silício cristalino, substância encontrada nas rochas da crosta terrestre. Dessa forma, atividades que envolvem o corte ou o polimento de rochas são fontes potenciais de sílica respirável, além da mineração e daquelas que envolvem o uso de areia.
“No entanto, seus riscos podem ser reduzidos ou até mesmo eliminados por simples medidas de controle no ambiente e no homem”, como afirmam Vladimir de Souza e Osvaldo Quelhas, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em artigo publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva. Os pesquisadores fizeram um estudo, onde investigaram os aerodispersóides (poeiras) gerados pelas atividades da construção civil e identificaram a necessidade de implantar medidas de controle e de redução ou eliminação de impactos negativos na saúde do trabalhador. Além disso, procuraram verificar em quais situações e atividades da construção civil há maior presença de sílica livre na poeira.
Para isso, os pesquisadores realizaram o estudo em vários canteiros de obras do Rio de Janeiro, coletando amostras para avaliação de poeira que poderiam conter sílica livre cristalizada nas atividades mais críticas, como lixamento de concreto de fachada, corte de granitos, escavações manuais, serviços de terraplenagem, preparação de argamassa e corte de elementos estruturais de concreto com o uso de martelete (pequeno martelo). Todas as amostras foram encaminhadas para laboratório.
De acordo com Souza e Quelhas, “identificou-se com os resultados um percentual de sílica considerável em duas destas situações: lixamento de concreto de fachada e quebra de elemento estrutural de concreto com uso de martelete”. Eles observaram também que, em quase todas as atividades pesquisadas, os trabalhadores não utilizavam equipamentos de proteção respiratória (máscara contra poeiras) nem se beneficiavam de medidas de controle para redução da concentração de poeiras no ambiente. “Nas poucas vezes em que algum deles usavam uma máscara, como no caso do raspador, ou a máscara não era a adequada ou a mesma já não era substituída há muito tempo”, afirmam no artigo.
Além disso, Souza e Quelhas constataram que, em nenhuma das empresas, havia avaliações e monitoramento quanto às exposições a aerodispersóides ou a implementação eficaz de um programa de proteção respiratória. Nesse sentido, dizem que é necessário implantar medidas de controle coletivas ou individuais, no intuito de manter os contaminantes em níveis baixos. No entanto, segundo eles, “o controle efetivo só se dá por meio de avaliações periódicas das medidas adotadas, verificando-se permanentemente, a eficiência das mesmas, assim como, os níveis de aerodispersóides no ar”. (Agência Notisa)
Fonte: memoria.ebc.com.br